05/07/2019

AQUELA QUITANDEIRA





De vestes sujos

De braços escuros

De cabelo castanho

Com seu Olhar estranho

É a minha mãe!


Aquela quitandeira

De panos rasgados

De chinelas coladas

De lenços estragados

É a minha mãe!!!


É ela, a minha mãe

Mulher forte e guerreira

Mulher cuidadosa

Ela é a minha mãe

Aquela quitanteira

Vendedora de pilinhas

Vendedora de bolinhos

Vencedora de café na rua

É a minha mãe! Ó MÃE!


Amo-te sem vergonha

Amo-te sem medo de errar

Minha mãe, minha cidade

Em ti aprendi a obedecer

Aprendi a amar de verdade

E hoje, é que vou ter vergonha!?

Não, tu és a minha quitandeira

Mulher que cheira azeite

Eu amo-te minha mãe.

.

Poeta Mero Panzito

03/07/2019

AS CORES DA ALMA




Palavras, sons, vozes e emoções,
Uma palavra, uma razão
No pensar do poeta,
Que pinta o mundo com as cores.

Da alma:

De rosa, pintou teus lábios
De azul, pintou os céus da tua alma
De verde, pintou teus olhos,
Cor oceânico que corre em minha alma.

Palavras, sons, vozes e emoções,
Dançam com o vento no tear do poeta,
Que pensa o mundo em noites de insónia,
No amanho das palavras.

Poeta finge ser o vento,
O vento que sopra dos teus olhos,
E na solidão vazia, finge sentir a dor,
E seu coração se apinha de tristeza.

Tristeza que não é sua,
Tristeza fingida no fingimento do poeta
Fingidor,
Que finge ser dono de tudo e dono do nada.


Tiago Ngana Chimbassi

02/07/2019

EU SOU O CAPITÃO




Não há a quem esperar
Nem a quem devo deixar essa obra
Tenho apenas a mim.

Sou o único,
A quem todos puseram os olhos,
Como o capitão desse barco.

Se consegui, valeu apenas,
Se não, pelo menos tentei
Ao invés do medo de fracassar.

É duro ser a única tábua de salvação
Já não escolho sonhos
Já não escolho desejos
Sou levado pela necessidade deles
A aceitar apenas, o que tiver.

Não, não espero por nenhum milagres
Muito menos proeza por parte de alguém,
Pois tudo depende apenas de mim.

Cada passo que vier a dar
Cada escolha que vier a fazer
Terá de ter como fim
A satisfação deles.

Chega de vaidade,
Chega de orgulho,
É o agora, para o amanhã ser melhor.

Vida, vida! Vida!
Quão cruel fostes tu?
O que eu te fiz?

Bom, por nada valem lamentos
Quiçá, um dia haja algum motivo?
Se o destino quis assim, aceito
E, tomo a peito a luta para a vitória.

By: Samandjolo Namby Ye Pengwe

NÃO GOSTAMOS





Fizemos porque não temos escolhas
Ninguém escolheu ser o que somos
Nascer pobres  não foi a nossa opção.

Também gostamos ter uma casa
Sonhamos conhecer a França
Desejamos ter um carro.

Também temos necessidades de ter uma computador
Ter um lar confortado
Ter pelo menos 3 refeições ao dia.

Também gostamos estar bonitos,
Gostamos aparecer cheirosos
Também amamos estar na faculdade.

Amamos tirar férias
Ir ao cinema
Ou a praia aos domingos.

Também amamos fazer compras no Shoping
Escolher aquele sapato bonito
Aquela calça que esta na moda.

Também gostamos jantar em hotéis
Fazer turismo pelo país todo
Desejamos também tudo isso.

Mas meu amigo
As condições em que nos encontramos não permitem.

Nós não gostamos dessa vida de pobre que levamos
Desejos, nunca faltaram
Só não temos possibilidades.

By: Samandjolo Namby Ye Pengwe


01/07/2019

POETA FALIDO DE IDEIAS




Tem dias em que o poeta fale,
Sobe ao céu, vasculha montanhas
À procura dum feixe de ideias,
Que lhe foge pelo fio da impaciência.

Rabisca o vento no branco papel
Rascunha, machuca rascunhos,
Afasta o papel da pena
Com pena de não lacrimejar em vão.

Há horas em que o poeta chora
Pela ausência das ideias,
E com pena apenas, estanca a dor
Com lágrimas de tinta
Que escoam pelas bordas do papel.

Evolam-se ideias no silêncio da aurora
E escasseiam-se fabulosas inspirações,
Que o botam na falência momentânea,
Poeta chora momentos infelizes da vida.

Tiago Ngana Chimbassi

25/06/2019

POBREZA AOS OLHOS DA SOCIEDADE




O pobre não convive,
Finta a vida
Vive a cada dia
A cada mês
Se a vida o permitir.

O pobre não é dono de alegria,
Vive da alegria do rico,
Das suas sobras
Que o prato já não quer.

O pobre é um fardo
Na sociedade dos apáticos,
Detestado por valer-se
Das migalhas que caem
Das fartas mesas dos fartos.

Na convivência dos ricos,
Lágrima do pobre
É o levantar do pano
No recinto do espetáculo,
Onde os risos se mesclam
Com o desprezo e letargia.

No despedir da vida,
Todos são iguais perante a morte,
Não se sepulta o rico nas costas do sol
Nem o pobre na barriga da fome,
Pra terra, todos se vão
E em pó todos se transformarão.


Tiago Ngana Chimbassi

21/06/2019

LADRÕES DOS GABINETES



No ventar da democracia,
Se empossa dona corrupção
Nos palácios institucionais,
Que alojam impunes ladrões..

Encapuçados de voto
Adentram-se na casa conjunta,
Fazem refém o suor do povo
E escondem-se na impunidade.

Fica desolado o povo,
Chora o voto cedido com alma
Na certeza que escolhe salvadores,
Que se tornaram em ladrões dos gabinetes.

Fardados de imunidade teada pelo povo,
Saltitam de cofre em cofre,
Indiferentes ao banho de lágrimas
Que o povo verte em cada remodelação
Ou sucessão sucessiva dos políticos corruptos.


Tiago Ngana Chimbassi

O SILÊNCIO DA MINHA MENTE REFLETIVA