O pobre não convive,
Finta a vida
Vive a cada dia
A cada mês
Se a vida o permitir.
O pobre não é dono de alegria,
Vive da alegria do rico,
Das suas sobras
Que o prato já não quer.
O pobre é um fardo
Na sociedade dos apáticos,
Detestado por valer-se
Das migalhas que caem
Das fartas mesas dos fartos.
Na convivência dos ricos,
Lágrima do pobre
É o levantar do pano
No recinto do espetáculo,
Onde os risos se mesclam
Com o desprezo e letargia.
No despedir da vida,
Todos são iguais perante a morte,
Não se sepulta o rico nas costas do sol
Nem o pobre na barriga da fome,
Pra terra, todos se vão
E em pó todos se transformarão.
Tiago Ngana Chimbassi