Nas penumbras do vago saber,
Esconde o poeta da sombra,
Com um olho posto no sol poente,
Outro, nos quintais alheios.
Poeta da sombra,
Da sombra, fez seu posto de vigia,
Ora mira pra o sul…
Ora pra o leste das inverdades.
Poeta da sombra,
Veste-se das trevas, e se atreve
Usar da palavra nua,
Pra zombar do poder da palavra.
Na meia-luz do seu posto de vigia,
Tornou-se na dor da sua dor.
Pra aliviar sua mágoa,
Traz seu submundo à luz da ribalta.
E como a sombra não se faz à luz,
Poeta da sombra se virou instável;
Ora aparece com a boca apinhada do entulho,
Ora desaparece na sombra da sua própria sombra.
E quando a cobiça lhe estica o torto olho,
Sai da sombra pra se livrar do entulho,
E voltar de imediato ao seu submundo,
Deixando pra trás, a sujeira da sua louca mente.
Tiago Ngana Chimbassi