09/03/2020

NÃO SE APRENDE A AMAR




Não se aprende a amar,
Amar está no coração,
Nasce com a gente
E morre com a gente.

Aprender a amar
É afrontar a alma,
De quem de nós carece
Pra se afirmar nas curvas da vida.

Amar é como o desabrochar duma flor,
Naturalmente acontece
Sem condicionalismo humano,
Senão da divina mão do Deus Uno.

Amar é como o sopro do vento
É como o bater das asas dum pássaro
Perdido no firmamento,
Iluminado pelas cores do arco-íris.

Amar é assim
E nada mais, nada mais…
Corações ao alto,


E no alto da fé, a humanidade agradece.

Tiago Ngana Chimbassi

06/02/2020

O DIREITO AO DELÍRIO

“Mesmo que não possamos adivinhar o tempo que virá, temos ao menos o direito de imaginar o que queremos que seja.
As Nações Unidas tem proclamado extensas listas de Direitos Humanos, mas a imensa maioria da humanidade não tem mais que os direitos de: ver, ouvir, calar.
Que tal se começarmos a exercer o direito de sonhar?
Que tal se delirarmos um pouquinho?
Que tal se fixarmos nossos olhos mais além da infâmia
para imaginar outro mundo possível?
O ar estará limpo de todo veneno
Que não venha dos medos humanos
e das humanas paixões.
E nas ruas os carros serão esmagados pelos cães.
As pessoas não serão dirigidas pelos automóveis
Nem serão programadas pelo computador
Nem serão compradas pelos supermercados
Tampouco serão assistidas pela televisão.
O televisor deixará de ser o membro mais importante da família
E será tratado como um ferro de passar roupas ou
A máquina de lavar roupas.
Será incorporado aos códigos penais o crime de estupidez
Para aqueles que o cometem por viver para ter ou para ganhar
Ao invés de viver para viver simplesmente
Assim como canta o pássaro sem saber que canta
E como brinca a criança sem saber que brinca.
Em nenhum país irão prender os rapazes
Que se neguem a cumprir o serviço militar
Senão aqueles que queiram servi-lo.
Ninguém viverá para trabalhar,
Mas todos nós trabalharemos para viver.
Os economistas não chamarão mais de
Nível de vida o nível de consumo
Nem chamarão de qualidade de vida
a quantidade de coisas.
Os cozinheiros não acreditarão que as lagostas
Adoram serem cozidas vivas.
Os historiadores não acreditarão que os países
Adoram serem invadidos.
Os políticos não acreditarão que os pobres
Adoram comer promessas.
A solenidade deixará de acreditar que é uma virtude.
E ninguém, ninguém levará a sério alguém
Que não seja capaz de rir de si mesmo.
A morte e o dinheiro perderão seus mágicos poderes.
E nem por falecimento nem por fortuna
Se tornará o canalha em virtuoso cavalheiro.
A comida não será uma mercadoria,
Nem a comunicação um negócio
Porque a comida e a comunicação
São direitos humanos.
Ninguém morrerá de fome
Porque ninguém morre de indigestão.
As crianças de rua não serão tratadas como se fossem lixo
Porque não existirão crianças de rua.
E as crianças ricas não serão tratadas como se fossem dinheiro
Porque não existirão crianças ricas.
A educação não será um privilégio apenas de quem possa pagá-la.
E a polícia não será a maldição daqueles
que não podem comprá-la.
A justiça e a liberdade, irmãs siamesas,
condenadas a viverem separadas,
voltarão a juntar-se, bem grudadinhas, ombro com ombro.
E na Argentina, as loucas da Praça de Maio
Serão um exemplo de saúde mental
Porque elas se negaram a esquecer,
Nesses tempos de amnésia obrigatória.
A Santa Madre Igreja corrigirá algumas erratas
Da tábua de Moisés
E o Sexto Mandamento mandará festejar o corpo.
A igreja também proclamará um outro mandamento
Que Deus havia esquecido:
“Amarás a Natureza da qual fazes parte”
Serão reflorestados os desertos do mundo
E os desertos da alma.
Os desesperados serão esperados
E os perdidos serão encontrados
Porque eles são os que se desesperam
Por muito, muito esperar
E eles se perderam por muito, muito procurar.
Seremos compatriotas e contemporâneos
De todos os que tenham vontade de beleza
E vontade de Justiça.
Tenham nascido quando tenham nascido e
Tenham vivido onde tenham vivido
Sem que importe, nenhum pouquinho,
As fronteiras do mapa nem as do tempo.
Seremos imperfeitos
Porque a perfeição continuará sendo
O chato privilégio dos deuses.
Mas neste mundo,
Neste mundo trapalhão e fodido,
Seremos capazes de viver cada dia
Como se fosse o primeiro
E cada noite
Como se fosse a última…

Eduardo Hughes Galeano

18/01/2020

SOU GUARDIÃO DO AMOR






Sou guardião do amor,
Choro quando tu choras
Sorrio quando tu sorris,
Habito em ti e adoro.


Sou guardião do amor,
Tua alegria é minha alegria
Tua dor é minhas dor,
Choro quando tu choras.


Sou guardião do amor,
Com amor vivo, labuto e amo
Amo e nunca me canso de amar.


Sou guardião do amor,
E tu és chuva da paixão
Que inunda meu coração amante.

Tiago Ngana Chimbassi

06/01/2020

ABONADOS COM MIGALHAS INDESEJADAS



Vento brame interrupto
Nas algibeiras desventradas
De quem labuta e ganha insulto,
Abonado com migalhas indesejadas.
Urge banir este conceito,
Que explora com proveito
Para topo dos ricos o patrão subir,
Deixando anseio do povo ruir.
Nos taludes (rampas) dos impiedosos ricaços,
Direitos e deveres estão aprisionados
Ao medo do aloucado despedimento.
Direito ausentes, deveres dispersos
Nos despedimentos facilitados
Pelo poder dos ricaços corruptos.

30/12/2019

2020 ME INUNDE COM TEUS BEIJOS




2020
Me inunde com teus beijos,
Sou mar aberto
Em um dia desperto
Pra amar e soltar desejos.
2020
Me alague com teu olhar,
Sou tudo teu,
E com meu coração ateu,
Aprenderei te amar.

Ah! 2020
Me faça teu jardineiro,
Saberei escolher rosas,
E com notas de mil prosas,
Semeá-las-ei no canteiro do teu coração.

E germinarão alegres
Como anjos e arcanjos
Que não carecem de arranjos,
Quando ostentam seus sabres.

2020
Me faça teu Romeu,
Terei todos os olhos do céu,
Pra te ver, amar e encantar,
Em noites de luar


18/12/2019

É IMPOSSÍVEL ADIAR O QUERER





No rosto da solidão,
Cai uma lágrima
No mar de lástima,
Onde deambula o coração,

E se afoga a alma
Do quem ama com o coração em chama,
Amor que delimita fronteiras
E derruba persistentes barreiras

Dói, se não for compreendido,
Dói o sufoco do coração apaixonado,
Ao ver tudo a perder
Sem poder adiar o querer

Dói demais, quando se ouve um adeus,
Um adeus sem o retorno
Aos requintados cantos do lar,
Onde a tempos morava o amor.

Tiago Ngana Chimbassi

02/12/2019

NA HORA DA VERDADE






Quando chegar a hora,
Ninguém mais ora,
Nem dos espinhos se fará coroa,
Que em tempos, magoa.

Todos quererão ir embora
Ou botarem fora,
Pra escaparem a desforra
Da justiça, que nos céus vigora.

A justeza da alma se faz no presente,
Não abuses do patente,
Que Deu te dera como presente
Neste mundo do pensar (in)decente.

Na hora da verdade, faça-te presente,
E apresente
A lucidez da tua alma,
Antes do atear da infernal chama.

Pois, o inferno
Será eterno
Em almas que fizeram do amor, o desperdício,
Ao botarem paixão e fé no precipício.

Tiago Ngana Chimbassi



O SILÊNCIO DA MINHA MENTE REFLETIVA